Bibliocleptomania =D

leitura

O livro Uma História da Leitura do autor argentino naturalizado canadense Alberto Manguel, com 386 páginas nos conta de um jeito “histórias da hora de dormir” sobre sua vida de leitor, seu apego aos livros quando criança; diz que não gosta de ler contracapa para saber a história (27); como eu, conta que também achou o suspense da dama e o cachorrinho, do Tchecov muito ralo (27); conta que já roubou livro mais de uma vez (29); já trabalhou como “leitor” para Borges e aprendeu com ele; ele cita trechos ruins de autores famosos (32); contou que Borges tirava suas idéias de outros livros que lia; ele diz  que não consegue encontrar a forma definitiva de arrumar seus livros(34) na estante.

Esse livro não é só a história da leitura: é a história de vários tipos de leitores, de vários tipos de livros, do autor de livros, do tradutor, das leituras proibidas, da história oral, sobre a história do óculos, acessório divino para os amantes da leitura.

Trechos do Livro: “O Astrônomo lendo um mapa de estrelas…o arquiteto lendo a (planta)…a qual será erguida uma casa…o zoólogo lendo os rastros de animais nas florestas; o jogador lendo os gestos…a dançarina lendo as notações do coreógrafo…o tecelão lendo o desenho de um tapete…o organista lendo várias linhas musicais…o agricultor lendo o tempo no céu…” “…parece que encontramos, livro após livro, os traços de nossas vidas.” “…nas raras ocasiões em que encontrava outras crianças, achava suas brincadeiras e conversas menos interessantes do que as aventuras e diálogos que lia em meus livros.” “…donos do poder…classificam os livros como luxos supérfluos;  os regimes totalitários exigem que não pensemos…”

Livros Adaptados =)

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Gosto de poder ler alguns clássicos que me chegam às mãos em adaptações. Não vejo problemas nisso, pelo contrário, acho válido como incentivo para começar a ler os grandes clássicos, realmente grandes em número de páginas, o que pode amedrontar um leitor iniciante.

A adaptação de Os Noivos, texto de 1827 do autor italiano Alessandro Manzoni, com 92 páginas, faz parte de uma série de livros adaptados pela editora Scipione, para as escolas. Nesta história, temos um drama com final feliz. Um casamento é impedido por um rico Senhor, que ameaça o padre de realizar a cerimônia e os noivos fogem, até todo o problema ser resolvido.

O texto de apoio conta que o imperador D. Pedro II era fã desse autor e que chegou a traduzir alguns de seus poemas para o português. Escrito em 1927, Os Noivos chegou a ser reescrito e teve várias versões.

Existe um livro de mesmo nome escrito por Umberto Eco. (Ver post Livros com Mesmo Título)

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A mulher na sociedade machista

O clássico brasileiro Lucíola de José de Alencar, com apenas 128 páginas, escrito em 1862, foi ambientado no Rio de Janeiro, contado em primeira pessoa pelo protagonista, em forma de carta-resposta à uma mulher da sociedade que usou de palavras preconceituosas para uma cortesã/mulher de vida fácil, e que ele resolveu intervir em seu favor. Nessa carta, conta a própria história e de sua paixão por Lúcia e como o amor pode redimir uma alma pura mesmo com o corpo em pecado.

Foi um livro-escândalo, proibido e em sua introdução, uma demonstração do machismo da época com a frase “…se o livro cair nas mãos de alguma das poucas mulheres que lêem neste país…”

Li este livro a primeira vez aos 14 anos, na escola e vejo que esse não deveria ser um livro indicado para essa idade! Vejo que não entendi metade da escrita, mas já gostei da história e continuo achando a escrita do José de Alencar muito fluida, apesar do linguajar culto e das rígidas normas da língua portuguesa usada por alguns escritores no Séc. XIX.

Trecho do livro: “Sempre tive horror às reticências…por isso quando em alguns livros moralíssimos vejo uma reticência, tremo!…a minha história é imoral; portanto não admite reticências…se…um editor escrupuloso quisesse dar ao pequeno livro passaporte para viajar das estantes empoeiradas aos toucadores perfumados…bastaria substituir certos trechos mais ousados por duas ordens de pontinhos.”

 

Clássicos da Literatura

Vários filmes e séries foram feitos baseados nessa história. Em 2008 a BBC lançou uma minisérie; Roman Polanski lançou o seu Tess em 1979 com uma linda Natassja Kinski aos 19 anos; e outras versões em japonês, indiano e com outros títulos mas baseado na mesma história.

História clássica, o livro que eu li foi essa versão adaptada pela Abril Coleções, do autor Thomas Hardy com apenas 215 páginas e mais um apêndice de apoio ao texto. As partes importantes foram descritas aqui nesta história que foi polêmica à época do lançamento em 1891. A personagem começa adolescente, passa por tragédias pessoais, se casa e não consuma seu casamento, tem uma família desestruturada, comete um crime e paga por isso. Acho que o texto completo poderia descrever melhor esse arco de redenção da personagem, que aqui não existe. Quero ler mais textos desse autor. Trecho do livro: “A tendência irresistível, universal e automática de procurar, em algum lugar, o doce prazer, que permeia todas as formas de vida, da mais miserável à mais elevada…”

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Outra forma de contar uma história

Ana e Pedro - Cartas

Quem cresceu nos anos 80 já passou pela experiência MARAVILHOSA de se corresponder por meio de cartas! O livro Ana e Pedro – cartas é um novo conceito de se contar uma história. Os autores Vivina de Assis, de São Paulo e Ronald Claver de Minas Gerais criaram dois personagens e uma correspondência real entre eles: trocaram cartas desses personagens durante um tempo e transformaram em livro. Idéia boa e que funcionou muito bem nesse caso. A história de 84 páginas não tem começo – bem, tem a primeira carta – e você usa a imaginação para dar um fim à história de dois adolescentes que tentam transmitir emoções em palavras escritas. Vale a pena ler. =)

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Romance em forma de Poesia

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O livro de 1986 Janela do Sonho, da autora Patricia Bins, com 144 páginas, pode ser lido solo, mas é o último volume da Trilogia da Solidão. Li apenas este, porque estou tentando ler mais autores nacionais contemporâneos. Ela tem uma forma poética/dramática de contar a história da derrocada da família de Maria, o abandono de seu marido, o suicídio de sua filha, o casamento fracassado de seu filho, a revolução nas ruas de seu bairro e sua casa caindo aos pedaços. A capa é um óleo sobre tela de Ado Malagoli. Não combina com a história, mas é bela.

Trechos do livro: “…parei desde criança para a luta, para a conquista de posições justas e humanas. Filho de gente humilde, conheci na carne o câncer social…talvez por isso ainda não tenha tido tempo de amar uma única mulher. Não acredito em casamento  institucional ou em “tradição, família e propriedade” nos moldes atuais.”

Desconstruindo Simone…

É meu primeiro contato com a famosa Simone de Beauvoir, no livro Memórias de uma Moça Bem-Comportada, com 335 páginas, nesta edição de 1958. O tradutor diz que é uma autobiografia. Então… choquei!! Porque a autora é conhecida por seu feminismo descrito em sua mais famosa obra “O Segundo Sexo“, e neste livro ela se mostra muito religiosa, que não tolera os pecados alheios, que mesmo após desistir da religião, continua carola e achando a pureza do casamento  como único caminho aceitável.  O começo é descritivamente chato: ela passa oitenta páginas contando dos seis aos oito anos de vida! Ninguém é tão filosoficamente chato aos oito anos! Tudo bem que ela se formou em Filosofia, mas quando conta parte de sua trajetória dos dezessete aos vinte, mostra-se alienada, como alguém que não quer saber aonde a família consegue dinheiro pra pagar seus estudos, ou como a guerra ao redor do mundo (na época) poderia influenciar vidas. Tão egoísta que plagiou seu primeiro trabalho no colégio e achou que não fez nada de mais. Pegava livros emprestados com amigos e bibliotecas e esquecia de devolvê-los! (OMG!) Suas amigas tinham namorados aos vinte e ela não gostava de imaginar intimidades com nenhum homem. Conta sua briga com a família, porque não gostava dos modos simplistas do pai e tinha vergonha da mãe, que falava-lhe verdades: ela gostava mais das amigas e faria tudo pelas amizades, mas não pela família. Ela passou pra mim uma inteligência no modo de produzir seus textos: primeiro procure saber o que está sendo mais procurado, depois escreva isso.

Vou tentar ler outros textos dela, porque esse não me convenceu como real; parece ficção.

Trechos do livro: “…proibiam-nos de brincar com meninas desconhecidas: era, evidentemente, por não sermos da mesma laia. Não tinhamos o direito de beber , como toda a gente, nas canecas penduradas às fontes; vovô dera-me uma concha de madrepérola…” “Sentava-me na poltrona de couro, ao lado da biblioteca de pereira escura, fazia estalar nas mãos os livros novos, respirava-lhes o cheiro, olhava as figuras, os mapas…” Falando de seu pai: “Ele apreciava acima de tudo a boa educação e as belas maneiras; entretanto, quando me encontrava com ele num metrô, num restaurante, num trem, sentia-me incomodada com seus gritos, suas gesticulações…”

Clássicos ilustrados =D

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Não sei porque livros adultos não tem ilustrações!  Estou incluindo livros ilustrados nas minhas leituras. Tenho alguns desses clássicos com belas ilustrações. Este, em inglês, David Copperfield de Charles Dickens com 212 páginas é uma adaptação do texto original. Uma das poucas adaptações que me faz ter vontade de ler o texto inteiro!

Um romance de formação que conta a história de David quando criança até depois de seu segundo casamento.

😀

O Peso do Nome do Autor

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A minha edição é essa de capa dura Azul, da série “Mestres da Literatura Comtemporânea”. O livro é A Insustentável Leveza do Ser, do Mila Kundera.

A história, contada ora pelo narrador, ora pelos personagens, tenta contar a fragilidade dos relacionamentos entre diferentes casais. Tudo que envolve pessoas e sua leveza. Mesmo episódios pesados, como a guerra, se torna contraponto para falar sobre a leveza dos pensamentos humanos e suas atitudes. Tudo muito filosófico? è a proposta do autor. É como se fosse um ensaio sobre relações humanas e o que realmente é importante pra cada um. Minha releitura favorita! =D

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História sobre a escrita

 

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Essa capa linda do livro Os Olhos amarelos dos Crocodilos da autora Katherine Pancoa, com 461 páginas, conta a história do processo de escrita de um livro. A personagem principal, de personalidade fraca, decide escrever um livro sobre o Sec. XII, pois entende do assunto. Ela se torna não autora, mas ghost writer, porque precisa do dinheiro e sua irmã precisa da história. É a velha história dos opostos: irmã rica e bonita, mas sem talento VERSUS irmã pobre, desleixada mas muito inteligente – pra escrever, porque em outros aspectos…. Quer resenha? Clique Aqui.

Também tem um filme de mesmo nome, que não me interessou ver. Então, porque decidi ler esse livro? Estou numa fase “oriente”, “outras culturas” e a autora nasceu no Marrocos, parte da história se passa no norte da Africa.

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