Teor Adulto?

O livro Dark Swan da autora americana Richelle Mead é o primeiro livro de uma série de fantasia,  que ficou muito famosa por um tempo. E, na minha idéia na época,  é que seria uma série juvenil,  mas agora entendo porque nunca foi filmada. Surpresa é a palavra que resume o que senti ao ler A Filha da Tempestade, sabia que se tratava de uma xamã que caçava seres sobrenaturais e ao ver a capa eu imaginei algo que soasse como a série Supernatural.

Na trama Eugenie Markham é uma xamã, trabalha e ganha dinheiro banindo espíritos, criaturas mitológicas e  fantasmas para o Outro Mundo ou para o Mundo da Morte. Certo dia Eugenie foi contratada para um caso de uma adolescente que foi sequestrada para o Outro Mundo por um nobre ao mesmo tempo em que se envolve com Kiyo, um homem por quem ficou atraída de maneira intensa e incomum. Sem tirar Kiyo da cabeça Eugenie parte para o Outro Mundo, e o que era para ser mais um caso ordinário, sofre uma reviravolta. Contra sua vontade descobre que tem relações com um mundo que abomina e ainda mais seus laços familiares com os nobres. E o caso agora é lutar por sua própria vida e descobrir do que é capaz.

Eugenie é uma mulher forte, não tem medo de desafios e foi criada para defender seu mundo das ameaças do Outro Mundo, assim tem verdadeiro horror de tudo que se relaciona com ele. A ação é constante, Eugenie está ou lutando contra alguma criatura que quer matá-la ou contra os fantasmas que existem dentro de si.  Quando descobre sua ligação com esse mundo se vê diante de uma crise de identidade, tudo que ela acreditava se vê abalado, as verdades que ela comprava da mãe como verdadeiras, não são bem verdades. Os nobres não são todos iguais e a sua vida não pode mais ser tão simples quanto ela gostaria.

Existem cenas mais fortes de sexo, não é um YA, é um romance hot adulto. A narração acontece em primeira pessoa, através de Eugenie, que é engraçada e sincera com os seus pensamentos, o que torna a leitura mais divertida. O desfecho não chega a ser surpreendente, mas é bom. O título é muito genérico,  tendo vários livros com mesmo nome.

Os Ciclos da Vida

O livro A Balconista do autor/ator americano Steve Martin, premiado com o Emmy por roteiros que já escreveu para TV. Famoso por filmes de comédias,  esse é seu primeiro romance. O narrador conta a história de Mirabelle, uma mulher de 28 anos que se muda para Los Angeles para ter sucesso. Ela encontra um emprego numa galeria de lojas de luxo, chamada Neiman, onde vende luvas, um item que ninguém mais compra.

Solitária e deprimida, ela tenta estabelecer um relacionamento com o milionário de meia-idade e mulherengo de Seattle, Ray Porter, enquanto Jeremy tem mais haver com seu perfil, mas é preguiçoso, socialmente inepto e pouco ambicioso.

Mirabelle começa a se importa por estar presa em um emprego sem futuro  porque é realmente uma artista, que consegue vender algumas obras. Ray Porter, o milionário de Seattle que está cortejando Mirabelle, não pretende assumir nenhum compromisso com ela, embora Mirabelle entenda a conversa em que ele procura estabelecer sua cautela educada em termos exatamente opostos.  A delicadeza da percepção do autor é tão atraente que ele consegue construir uma novela a partir de nada além de explicações ininterruptas de coisas que os personagens não entendem: em primeiro lugar, por que Ray se sente atraído por uma heroína tão pouco atraente, como sua bondade infalível é diferente do amor que ela anseia, como ela periodicamente recua nos terrores da depressão clínica, por que o romance deles está condenado, embora eles se amem. As vezes o romantismo do livro é totalmente estragado por cenas de sexo que começam na cabeça de Ray que banca a personagem com viagens e presentes,  transformando o amor dela num típico “amante” paga.

O livro se tornou um filme com o próprio autor/ator em 2005, mas foi banido por seu teor adulto.

Metáforas religiosas?

O livro Hyperion do autor americano Dan Simmons é o primeiro livro da série Hyperion Cantos, lançado em 1989. Hyperion conta a história de um grupo de pessoas que está em peregrinação a este lugar misterioso chamado Tumbas do Tempo, que é um monumento centrado na misteriosa criatura conhecida como Picanço. No caminho para as Tumbas, entrelaça as histórias desses sete peregrinos em uma jornada pelo planeta Hyperion, e eles contam uns aos outros histórias sobre por que estão ali e como estão ligados ao Picanço. Os humanos são colecionados como Hegemonia e está se preparando para uma guerra contra os Ousters, uma facção menor da humanidade que se separou da Hegemonia há centenas de anos e é vista por esse grupo como um grupo de bárbaros ou rebeldes. Muito interessante é o Picanço, descrito como uma criatura de três metros de altura e quatro braços feita de metal afiado com grandes olhos vermelhos brilhantes que aparentemente podem se mover sem se mover, sendo a criatura mais poderosa do que todas as outras, mas tudo o que se sabe sobre isso é que, juntamente com as Tumbas do Tempo, é algo do futuro que está constantemente viajando para trás no tempo para algum propósito possivelmente nefasto. Há toda uma religião construída em torno delas, e a construção do mundo que a rodeia.

Os mundos mais avançados dessa civilização estão interligados por um sistema de teletransporte instantâneo, enquanto os menos desenvolvidos são atingidos por espaçonaves que viajam a velocidades relativísticas, quase inferiores à da luz. Em Hyperion, veículos aéreos são raros e os  personagens viajam por regiões selvagens em barcaças arcaicas. Em outros mundos, veículos aéreos são comuns, mas se apoiam em um princípio absurdo: voam por levitação magnética, ou seja, “repelem” o campo magnético do planeta, mas esse processo não se aplica a Hyperion porque o campo magnético desse planeta é “fraco”.

Impressões: É um daqueles livros que sabemos que é um clássico da ficção científica que estará incluído em todas as listas de “Histórias clássicas de ficção científica que você deve ler”, junto com livros como Duna e Guia do Mochileiro das Galáxias. A maneira como esses personagens são afetados por este mundo incrivelmente único e por tudo que há nele é muito interessante. A forma como suas histórias se formam e os próprios personagens mudam em tão poucas páginas, deixam a desejar. A conexão abrangente do livro com o poeta John Keats e seu poema Hyperion, pra quem não leu o poema de Keats, não dá pra dizer que compreendeu totalmente a extensão da conexão entre o livro e o poeta morto e seu longo poema. Esta obra é mais de ficção teológica do que ficção científica. A especulação que realmente importa é sobre a natureza do Deus católico – em um tom extremista e “cruzadista” que demonstra muito preconceito contra outras religiões, principalmente o Islã e o budismo.

Rival de Sí Mesmo

O livro Divinos Rivais da autora americana Rebecca Ross, conta em 464 páginas a história de Iris Winnow, uma jovem que aguarda notícias de seu irmão mais velho Forrest, que se alistou ao lado de Enva, a deusa Skyward, e partiu para lutar pela deusa na guerra contra Darce. Apesar de sua promessa de responder às cartas dela ao sair, ele não tem feito isso. A história se passa na época de máquinas de escrever e motores a vapor. Ela tem uma máquina herdada de sua avó, então começou a esconder as cartas debaixo do guarda-roupa e elas parecem estar desaparecendo e um dia uma resposta aparece debaixo do guarda-roupa. “Eu não sou Forrest.” Então, quem está recebendo as cartas dela e respondendo é Carver. Ela começa a trocar cartas com ele, acreditando que a máquina de sua avó é mágica. Sua mãe não aceita seu irmão ir pra guerra e passa a abusar do álcool fazendo com que perdesse o emprego, e então Iris abandona a escola e encontra trabalho utilizando suas habilidades de escrita no Oath Gazette, um jornal da cidade. Seu rival para o cargo é o belo e rico Roman Kitt, cuja prosa a fascina tanto que ela evita ler seus artigos.

Impressões de leitura: A magia desempenha um papel discreto nesta história, e esqueci que tinha algo sobrenatural acontecendo. É uma história de guerra sobre famílias desfeitas e poderes superiores usando pessoas como peões. Os personagens principais são considerados brancos; os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a igualdade de género na frente de guerra parecem ser a norma neste mundo, sendo essa a única “magia” em que eu colocava na leitura: ” claro que uma menina pode fazer isso na guerra- é um reino mágico!” Não me empolgou o romance entre os dois e os personagens não parecem suficientemente desenvolvidos e a certa altura, uma personagem de trinta e poucos anos diz: “Estou velha, vou me sacrificar por vocês, jovens” – nem dá pra ser etarismo, com alguém de 30. Ok, sei que o período era velho, mas o leitor não está lendo um romance histórico, com pesquisa histórica sobre o período, é uma fantasia… Me poupe. Engraçado é que vejo pessoas bem jovens, sem bagagem de leitura, achando o livro “maravilhoso”. Ele tem a faixa etária de leitura de 13 a 18 e eu acho pesado pra adolescente. Acho fraco pra adultos com bagagem literária. Parei nesse.