Amor e Guerra

O livro Um Hotel na Esquina do Tempo do autor americano, bisneto de chinês, Jamie Ford conta em 366 páginas a história do Hotel Panamá, onde ficaram guardados os pertences dos japoneses que foram para os campos de concentração durante a Primeira Guerra. Usando da mistura de ficção histórica e realidade, o autor mostra todo o drama dos americanos netos de japoneses que eram tratados como estrangeiros, perdendo seus direitos civis e suas posses, mesmo não sabendo uma palavra de japonês eram considerados inimigos. O drama se desenrola na vida do menino chinês-americano que não pode ter amigos japoneses, mas se apaixona por uma menina e começa a frequentar o bairro. Além de frequentar o clube de jazz e fazer amizade com um afroamericano que lhe ensina sobre música. Todo o destino converge para afastá-lo de Keiko: seu pai o proíbe, a guerra afasta a familia dela para o campo de concentração e o bairro japonês é transformado em ruínas. Apenas o Hotel Panamá permanece de pé até a sua velhice, onde resolve procurar pelos discos de jazz que dera a Keiko quando adolescente. E leva seu filho para ajudá-lo.

É uma história muito triste mas contada de forma singela, como os videos orientais são: mesmo na guerra são resilientes, estoicos e dão a volta por cima, colocando a família em primeiro lugar. E essa capa é linda! Eu nunca tinha lido sobre campos de concentração nos Estados Unidos!!! Fiquei chocada de ver a semelhança com os campos na Europa: encher o trem com o dobro da capacidade de pessoas e levá-los para um lugar “provisório” cercado de soldados para vigiá-los!! E não poderem voltar para seu bairro, sua casa própria e seus pertences!! Muito triste!

Vocação não é Aprendizado

O livro de não-ficção O Ensino de Literatura do autor Vicente Ataíde de 2002, trás dicas de como passar as formas de estudo da literatura para alunos do fundamental. Não concordo com algumas escolhas dos títulos para estudantes tão jovens – O Cortiço tem uma história mais apropriada para o ensino médio. Outro livro citado sobre erotismo nas poesias, também não vai conseguir tirar dos alunos a visão filosófica da coisa, apenas risos. O autor já publicou diversos livros de ficção e ganhou prêmios. Achei interessante ele colocar que, os escritores jovens e modernos repetem as fórmulas importadas quando escrevem, tanto porque é aquilo que lêem quanto porque é o que o mercado exige. “Não importa o que o indivíduo diz: basta que diga bonito.” O herói nesses livros para a juventude sempre são imprudentes ( andam sobre muros e telhados altos), não pensam antes de agir (enfrenta muitos caras em um bar portando apenas um canivete) elogiam a violência (quer os inimigos mortos; mata primeiro e pergunta depois) – tudo muito anti-educativo.

Vale a pena a leitura, muitos textos críticos da sociedade, da romantização da pobreza, da filosofia.

Governo de Restaurantes e plágio

O livro Os Vinte e Um Balões do autor americano William Pène du Bois, escrito escrito em 1947, conta a história da viagem de William Waterman Sherman professor cansado de dar aulas, que se decide a gastar um ano viajando em um balão, pra ficar longe das crianças e seus pais. Devido a um acidente aterrisa na ilha vulcânica de Krakatoa, onde acontece muitas aventuras, conhece fabulosos amigos, e termina com o dia mais barulhento da História quando Krakatoa explode e vinte famílias conseguem escapar com o Prof. Sherman em uma plataforma de vôo suspensa por vinte e um balões! Agora ele foi resgatado e vai contar sua história para uma importante platéia.

SPOILER: o livro foi traduzido pra vários idiomas, é ilustrado pelo autor, e tem uma nota em que ele conta que seu editor quase não publicou a história “por ser grande a semelhança com O Diamante do Tamanho do Ritz, do autor Fitzgerald. Mas ele alegou “espantosa coincidência” e publicou assim mesmo.

Os Contos do Poeta

 O livro O Sorvete e Outras Histórias do autor Carlos Drummond de Andrade é um livro de contos. O conto favorito foi A Doida, uma história triste, de superar os medos pra ajudar alguém. Vários contos são de crianças ou animais, sempre com aquela “moral da história”, como nas fábulas. O livro vem com um texto sobre o autor e exercícios de compreensão do texto.

Trecho do livro: “aos vinte anos escreveu suas memórias. Daí por diante é que começou a viver. Justificava-se: se eu deixar par aescrever minhas memórias quando tiver 70 anos, vou esquecer muita coisa e mentir demais.”

Eu ja vi essa História Antes =)

O livro The House in the Cerulean Sea do autor TJ Klune conta a história de um funcionário do rígido Departamento de Magia. Ele visita lugares onde são colocadas crianças excluídas. Para esse funcionário, Linus, é para proteção delas porque podem se machucar com seus poderes. Ele emite relatórios sobre os lugares, podendo ser fechados se não seguirem as regras do Departamento. Ele os chama de “orfanatos” mas só quer fazer seus relatórios e voltar pra casa, onde mora sozinho, e ouvir suas músicas antigas. Ele não quer mudar o sistema. Mas o próximo orfanato vai mudar sua idéia!

Linus Baker é uma alma gentil que vive uma vida de desespero silencioso. Linus adora crianças e é um assistente social que audita orfanatos e garante que as crianças estejam recebendo os cuidados adequados. Por causa da organização em que Linus trabalha, é fundamental que Linus informe e observe os orfanatos com objetividade. Ele precisa permanecer imparcial e não se apegar às crianças. Linus geralmente faz isso bem, pois ele é um defensor mais eficaz das crianças quando é uma testemunha imparcial. Mas, mesmo com tudo o que faz pelas crianças, Linus é uma pessoa solitária e insatisfeita. Ele sai do escritório todas as noites, chega em casa, discute com seu vizinho intrometido e vai dormir. As únicas paixões que ele se permite são o amor pela música e um gato rabugento com quem compartilha sua vida. 

SPOILER: Em um dia bastante comum, a vida de Linus muda. Extremamente Alta Gerência o convoca. Eles querem que ele avalie o Orfanato da Ilha Marsyas, lar de seis crianças especiais que não são humanas. Neste mundo, Linus está muito familiarizado com a população não humana e trabalhou com eles muitas vezes. Mesmo assim, este é um projeto estranho a ser dado. 

Linus chega ao orfanato, e é aí que a mágica acontece na história.  Linus fica apavorado ao descobrir que a casa inclui meia dúzia de crianças: Baby Lucy, abreviação de Lúcifer, um gnomo de jardim mal-humorado, um duende corajoso, um menino tímido que se transforma em um pomerano quando assustado, um jovem wyvern e Chauncy, cuja natureza é um mistério, algum híbrido de invertebrado marinho e humano. Chauncy está obcecado em se tornar um bell hop quando crescer. As interações entre os seis filhos: um wyvern, um gnomo, um weredog, uma bolha verde, um sprite e o filho do diabo e Linus são encantadoras. É também um exercício de aceitação. Enquanto Linus está nervoso e às vezes aterrorizado por essas crianças, especialmente em Baby Lucy, ele vê sua inocência e quer protegê-las. Ele quer ensiná-los como um ancião sobre coragem e bondade, mesmo diante de pessoas da cidade que não querem sua espécie por aqui. Linus tem um mês nesta ilha e, embora tente manter sua objetividade típica, não é fácil diante das belas interações com as crianças. 

Além disso, Linus precisa interagir com o diretor da escola. Um Sr. Arthur Parnassus, por quem Linus está intrigado, mas novamente tenta permanecer imparcial, pois está lá para avaliar Arthur também. 

 O Orfanato da Ilha Marsyas estava curando a alma de Linus após anos de estagnação e repressão, e parece curativo para leitores como eu após esse longo ano de sucção. Esta história é como uma caneca quente de chocolate quente com uma dose de uísque em frente ao fogo. A mensagem desta história é poderosa e a gente já viu antes: o humano que vai encontrar seres considerados diferentes/perigosos e se envolve/apaixona por eles. (Bela com a familia Cullen; Jake com os Naïvi em Avatar). Os estranhos bonzinhos que só querem ser aceitos do jeito que são. É sobre aceitar o diferente e aprender alguma coisa com a diversidade.

Livro e filme

O livro Carmilla – A Vampira de Karnstein foi originalmente publicada em uma revista londrina chamada The Dark Blue, em forma de folhetins, entre 1871 e 1872. Escrita pelo autor Joseph Sheridan Le Fanu, traz aquela conhecida história de criaturas assustadoras que atacam pessoas durante à noite em pequenos vilarejos,situações estranhas que acontecem ao redor do castelo em que vive Laura e seu pai, vizinhos e conhecidos morrendo subitamente, pessoas adoecendo, pesadelos constantes, terrores noturnos e muito mais. A trama se passa na Estíria, região na fronteira entre a Áustria e a Hungria. O local é cercado de lendas assustadoras, nas quais nem todos acreditam. Mas uma coisa intriga os personagens: uma doença misteriosa está contaminando e tirando o vigor de várias donzelas das redondezas.

O livro é narrado pela jovem Laura, que vive em um lugar remoto ao lado de seu pai e os dois presenciam um acidente de carruagem próximo as suas terras e de lá sai uma debilitada jovem chamada Carmilla Karnstein, que logo se hospeda na casa de Laura a pedido de sua misteriosa mãe. Laura adora a idéia porque agora terá uma companhia de sua idade para conversar.

SPOILER: não achei o livro assustador. Não vi essa relação lésbica que todo mundo viu. O pai da vampira conta como o “mal” entrou nela e poderia entrar em qualquer um. O que fica subentendido é que as moças são mais suscetíveis a aceitar amizade de outra moça sem questionar muito. Então pra se aproximar das moças o “mal” só toma o corpo de moças. E como ele está no corpo de uma moça e quer se apoderar de outra, ele tenta seduzí-la. O desfecho de história é apressado e tem soluções muito simples. Ao mesmo tempo, o livro tem passagens marcantes, como a aparição da vampira na forma de um enorme gato (a cena mais assustadora da obra) e a localização do seu túmulo.

Trechos do livro: “Eu me sentia diferente, invadida por uma estranha melancolia da qual não desejava libertar-me. Ocorriam-me vagos pensamentos sobre a morte, e aos poucos cristalizou-se em mim a ideia, não de todo indesejável, de que estava morrendo lenta e suavemente. Isso me induzia a um estado de espírito que era triste e ao mesmo tempo doce.”

Tambem assisti o filme de 89 que é bem parecido com o livro. Encontrei na Internet três filmes e uma série baseados nesse livro.

Divertido mas repetitivo

O livro A Poção Perdida, segundo livro da série da autora Amy Alward, continua a saga da garota alquimista Samanta. No primeiro livro ela vence a Caçada Selvagem para salvar a Princesa Evelyn, mudando completamente a vida de sua família. Mas ps problemas aparecem, Emília adulterou a mente do avô de Sam para tentar descobrir a fórmula da Aqua Vitae, uma poção capaz de curar qualquer doença e que estava perdida entre as páginas de um antigo diário da família Kemi. Agora Sam precisa encontrar a receita perdida da poção mais poderosa do mundo, pela qual as pessoas matariam para pôr as mãos, e trazer as memórias do seu avô de volta.

Achei repetido essa “caçada selvagem ” de novo, antes era pra ganhar um prêmio em dinheiro, bem urbano. Agora é pra achar um antigo diário, fica presa num local sem energia, negocia com centauros e dragões, bem medieval. Prefiro o primeiro livro. Os personagens são muito urbanos pra viver aventura medieval e voltar à civilização sem consequências. O final feliz de cada livro ajuda a finalizar as páginas com um sorriso.

Sobre vencer o Medo

O livro A Garota Dragão da autora italiana Licia Troisi conta em 368 páginas a história de Sofia, uma órfã que tem sua vida transformada ao ser adotada por um professor de antropologia e descobrir que um sinal em sua testa encerra uma herança ancestral. Sofia é muito medrosa e leva uma vida simples e sem esperanças em um antigo orfanato. Fica feliz ao ir para a casa do professor às margens do Lago Albano, nas cercanias de Roma, e conhece Lidja uma garota acrobata. Até que, durante um passeio noturno, Sofia é atacada por um estranho ser e percebe que os sonhos que teve durante toda a vida são realidades passadas, então o professor decide contar a verdade a Sofia, que ela é hospedeira de Thuban, um poderoso Dragão e faz parte de uma nobre linhagem de defensores da ordem. De repente, Sofia se vê envolvida em um conflito milenar, onde o destino do mundo está em jogo. A jovem descobre que existem outros como ela, os Draconianos, cuja missão é proteger a Árvore do Mundo das maléficas Serpes.

Matt é um garoto que não gosta de ser gordo e faz um pacto com uma moça pra se tornar bonito. Sofia tem medo de altura e gosta que sintam pena dela mas tem inveja de Lidja, uma garota forte, destemida, que consegue despertar seu dom rápido, corajosa. A serpente de ferro é um vilão que pouco aparece, usa os fracos para fazer suas maldades.

Ela se perdeu tentando ser fada :/

O livro O Rei Perverso da autora Holly Black continua a história de Jude, a humana que mora no reino das fadas. Em 308 páginas vemos que Jude fez um acordo com Cardan e tem 1 ano e 1 dia de poder sobre ele, o mais novo grande rei de Elfhame e tenta cumprir os planos de manter o trono de seu irmãozinho, evitando a guerra com o povo do mar e ainda garantir que a coroa não seja roubada de Cardan, que não faz nada certo pra se manter no trono. Cardan aparece pouco aqui, o foco é a intriga política entre o povo do ar, da água e das sombras, com Jude perdida porque ela acha que não pode confiar em ninguém da sua família, ela não tem amigos, ela está mais sozinha do que no primeiro livro. Ela não aceita que esse não é e nunca será seu mundo.

Não gostei do primeiro livro da série e disseram que o segundo era melhor. Eu esperava mais da humana que foi humilhada pelo povo do ar, que queria treinar espada e lutar, passar o tempo apaixonada, ficando vermelha, e repetindo a frase “… se eu fizer isso eu sou idiota…” e vai lá e faz!!! Eu esperava mais de uma garota ambiciosa que conseguiu enganar o rei pra tomar conta da política do reino e continua sendo humilhada pelo povo do ar!!

Uma Rebelião e um trono vazio.

O livro Cinco Destinos Sombrios da autora Kendare Blake conclui em 320 páginas a trilogia das três irmãs que se erguerão para enfrentar a névoa e a fúria das rainhas mortas, à medida que os segredos da história de Fennbirn forem revelados. A que foi coroada Rainha indevidamente, Katherine que é envenenadora, tem um reinado diferente do que ela sonhou, sua vida ficou um verdadeiro inferno, ela não se reconhece atacando pessoas que ama, como Pietry que está em coma porque ela o atacou. ela não sabe equilibrar tantas sombras, não sabe se Mirabella está ali realmente para ajudar. Será que as rainhas mortas terão cada vez mais força? coisa é certa: o destino da Ilha está nas mãos de suas três rainhas. E seus planos podem dar errado.

Achei que tudo o que devia acontecer desde o começo acontece nesse livro. A história tinha tudo pra enaltecer mulheres, que não são obrigadas a casar, são sempre as governantes, mas a competição feminina tirou todo o brilho que eu queria. Mas a premissa é a competição, está na sinopse, mas mesmo vendo que as regras anteriores não deram certo, mesmo assim elas continuam guerreando? Muito masculino isso. Queria ir por outro caminho!! Mas a autora escreve muito bem e fez o que quis com essa história.