O livro Jack e o Porquinho de Natal, da famosa autora inglesa J.K. Rowling conta uma mensagem de Natal através da história de Jack e seu bichinho de pelúcia. Ao brigar com sua nova meia-irmã dentro do carro, ela atira seu porquinho pela janela, numa rodovia movimentada e estradas cheia de neve. Ele se desespera e ela arrependida, lhe presenteia com um urso novo. Mas ele não quer um substituto. Então planeja voltar à estrada sozinho para buscar seu amigo perdido. A aventura começa quando seus brinquedos gangam vida e resolvem ajudá-lo à chegar à Terra das Coisas Perdidas. Lá Jack e seu novo porquinho vão conhecer “coisas/pessoas” que querem ajudar a encontrar seu amigo perdido. Mas vão enfrentar um inimigo de todas as coisas e eles tem até a véspera de Natal para realizar essa tarefa, senão ficarão presos lá para sempre.
SPOILER: não acho que este seja um livro para crianças: muito adulto para os pequenos e muito infantil para os adolescentes. Parece que a autora vive em uma ditadura e precisa “esconder” sua mensagem para adultos, então usa metáforas em uma história infantil: a autora critica explicitamente o “valor simbólico” das Coisas, e como essa noção do “valor” se reflete na autoconsciência da personificação das Coisas e suas classes (um par de brincos de diamantes não se conforma de estar no mesmo lugar que um óculos de plástico e um brinquedo de pelúcia). Tem também crítica à classe pobre que reverencia as classes mais ricas por causa da ideologia meritocrática: eles viram satisfeitos faxineiros dos aristocratas. Tem também crítica ao militarismo, ao punitivismo, ao sistema carcerário, ao sistema judiciário, e à lógica social do capitalismo. Só adultos com boa bagagem de leitura vão conectar as referências à Marx ou ao livro “O Peregrino”. Para o desenvolvimento crítico-social dos pequenos, a história pode ensinar a compartilhar brinquedos, quando ganhar um novo, doar o mais antigo.