O livro Onde os Pássaros Cantam da autora inglesa Evie Wyld, conta em 256 páginas a história de uma mulher australiana chamada Jack White, que escolheu viver na solidão de uma fazenda com suas ovelhas e seu Cão sem nome. Mas ela vê a morte de uma ovelha, como um recado e ela fica em dúvida o quanto está realmente sozinha. Em outra parte da história vemos Jack jovenzinha aprendendo a cuidar dos animais e o que acontece nesse local, molda sua vontade de ser sozinha na vida adulta. Quando estamos no presente, Jack conta essa história mostrando como conduz sua vida ao futuro desejado, sobre a experiência de tentar descobrir quem ou o que está matando suas ovelhas, a hostilidade indiferente da polícia local e sua amizade com um homem misterioso chamado Lloyd que aparece em sua propriedade. Quando estamos vendo a vida dela no passado, ela conta como se fosse o agora, e vemos por que ela se envolveu sexualmente com um velho fazendeiro sujo chamado Don e o motivo pelo qual ela fugiu de casa.
Impressões de leitura: gosto da personagem feminina, que é uma mulher física e mentalmente forte, que mantém distância das outras pessoas, mas descobre que não consegue se afastar completamente da sociedade ou dos perigos do mundo. Da mesma forma, sua descrição desses momentos mostram o constrangimento social em suas interações com os demais personagens, de modo que pequenos gestos indicam muito sobre o que não foi dito.
O sorriso de Jake é um termômetro, uma maneira de descrever se ela está sorrindo como uma fachada para esconder seus verdadeiros sentimentos, porque ela acredita que é isso que as pessoas querem. É algo que ela aprendeu para sobreviver e navegar em situações complicadas onde ela pode estar vulnerável. Na verdade, seu sorriso provavelmente é registrado como uma careta falsa que existe apenas para esconder e fingir.
Os animais desempenham um papel importante na narrativa, mostrando a dualidade do bem e mal, de animais selvagens à espreita em cada esquina, desde raposas inglesas a ninhos explosivos de aranhas e animais australianos mais exóticos, como goanna, pademelon e galah, e os animais domces e domésticos como o cão e as ovelha, os caçadores e os “caçados”, tornando a narrativa hábil e inventiva. Pequenos detalhes que parecem insignificantes no início da narrativa adquirem um significado emocional mais profundo à medida que a história avança e aprendemos mais sobre o passado de Jake. O final é realmente chocante, profundamente comovente e dá espaço para interpretações ambíguas.
Não gosto da capa nacional, não me remete à história, visivelmente a escolha da figura remete ao título e não ao texto. Muito mais interessante a capa inglesa, mostrando um quebra-cabeça dessa dualidade entre o doce e o selvagem.