Coelhinho da Páscoa, o quê trazes…

O livro Bunny, da escritora canadense Mona Awad, conta a história de Samantha, que compartilha seu seminário de escrita criativa com as Bunnies, numa prestigiosa Universidade. As bunnies são um grupo de garotas ricas e superpróximas em vestidos espumosos que bajulam o trabalho umas das outras, constantemente se abraçam e se chamam de Coelhinhas. Usando vestidos estampados de gatinhos, frequentam um café onde toda a comida é em miniatura, desde os mini cupcakes até às mini batatas fritas. Samantha não é, por definição, uma coelhinha. Mas então um bilhete aparece em sua caixa de correio de estudante, sinistro e açucarado ao mesmo tempo. No começo Sam as odeia junto com sua amiga Ava. E então as Coelhinhas a convidam para um dos seus Smut Salons, ela é atraída para o seu mundo fascinante e fantástico, cheio de mistério sobre “de onde vem os meninos”. Contada sobre o ponto de vista de Samantha, ela categoriza cada uma em seu tipo muito raramente nomeando-as. Uma mulher personifica tanto um cupcake que é consistentemente descrita como comestível, a garota gótica, a garota mauricinha: esses estereótipos parecem tão reconhecíveis quanto os filmes adolescentes que aparentemente insistem que todos têm apenas uma identidade, como Meninas Malvadas. Ela também tenta insultar o curso de artes ironizando os seminários, o Smut Salon é inofensivo comparado ao que os Bunnies chamam de “Workshop”, que, explicam elas, é um projeto “experimental” e “intertextual” que “subverte todo o conceito de gênero” e também “o patriarcado da linguagem”.

A questão do que é real e do que não é real é uma grande questão ao longo do romance, tanto para Sam quanto para o leitor, e criou uma espécie de névoa na última parte do romance, ficando meio perdido, tudo muito subjetivo, parece que ela criou “a história secreta” só que com meninas ricas. Não pretendo ler outra história da autora.

Heroína do Deserto

O livro A Heroína da Alvorada, último da trilogia da autora canadense Alwyn Hamilton, finaliza a história de Amani em 384 páginas, encerrando a luta política de destituir o sultão malvado e colocar no trono o seu amado Jin, depois de libertar seus amigos da cidade fantasma.

SPOILER: Ainda prefiro o primeiro livro da série. Achei cansativo ela continuar lutando, continuar tentando ser a “Bandida de Olhos Azuis” aquela que sabe atirar, quando ela se torna a djin das areias e nem pode tocar em metal! Claro que é inspirador quando uma personagem é forte e consegue seguir em frente mesmo com medo. Ela teme as perdas, os sacrifícios e as mortes. O peso da guerra sobre seus ombros e dos seus companheiros de luta; mas sabe que, no fim, vai valer a pena. Toda essa luta está buscando pela liberdade, para dar voz ao deserto e ao seu povo. É uma rebelião, afinal de contas.

De Rebelde a Prisioneira

O livro A Traidora do Trono, segundo da série da autora canadense Alwyn Hamilton, conta em 521 páginas a saga dos rebeldes para retomada do trono. Amina, a bandida de olhos azuis e protagonista, ainda está junto com os rebeldes armando planos para destronar o sultão e colocar seu filho mais velho no trono. Mas com a ajuda de seus antigos amigos e parentes, o sultão consegue aprisioná-la e “domar” seus poderes de moldar a areia do deserto. então ela fica no palácio do sultão onde conhece seus filhos e suas esposas, conhece a “guerra de mulheres” pelos favores do sultão e todas as tramas do palácio, até ser resgatada.

SPOILER: Não sobra muito da rebelde nesse livro. A pele dos djims é muito requisitada pelos ricos, então ela e outros rebeldes, passam o tempo fugindo. O Jin, lider dos rebeldes, tira férias e larga sua equipe sozinha. Ela finalmente encontra a tia dela, que não gosta da rebelião, nem dela. E seu antigo amigo, sua tia e sua prima são os que entregam ela pro Sultão, que coloca ferro sobre a pele dela, então ele não tem mais poder. Aí ela passa o livro como uma mortal comum, fazendo besteiras e falando da culpa de deixar pessoas pra trás pra se salvar. PQP! É isso que torna as pessoas humanas!

Tem umas partes boas, como a prima dela mudar por causa do filho que nasce. Ela se torna uma rebelde muito da boa!! Ela faz um discurso emocionante! Alguém corta o cabelo dela curto e na festa colocam pingentes de pérolas. Me lembrou Cleópatra. O exército Steampunk aparece, mas como ela tá sem poder, eles não são necessários pra ganhar uma guerra. O plot twist da Leyla ser do mal foi meio fraco, mas deu uma guinada nos possíveis arcos da história.

TRECHOS DO LIVRO:

O que fazer com uma Princesa Inconsequente? :/

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O livro A Queda dos Reinos da autora canadense Morgan Rhodes conta em 400 páginas a história de 3 reinos, que estavam vivendo em paz, até que alguns segredos começam a ser revelados após a morte de um morador de um dos reinos. E existe uma Tetrade mágica que precisa ser unida para dar poder aquele que a possuir.

Auranos é o reino dos ricos e da fartura, onde o rei têm duas princesas herdeiras, a mais velha muito centrada e a mais nova muito mimada, rebelde e insuportável. Ela têm amigos e vários no reino a fim dela – como sempre. Ela foge de seu pai pra ir ao reino vizinho procurar umas sementes mágicas para sua irmã que está doente.

Limeros é governado por um rei tirano que só age em nome de seus interesses, tem um filho que só se veste de preto, tem um crush por sua meia-irmã Lucia, é uma cidade do norte onde só tem frio.

Paelsia sofre com a pobreza e a escassez de suprimentos, as famílias não tem o que comer, mas o chefe deles vive em abundância dentro de suas tendas. É uma terra que planta uvas e eles fazem o melhor vinho de todos os reinos.

A história já começa em clima de ação quando  Conde Aron, em companhia de Cleo a Princesa de Auranos, vão comprar vinho em Palseia e o conde acaba matando um paelsiano. O rei de Limeros, Gaius, se aproveita da situação para se aliar a Paelsia e travar uma guerra contra Auranos. E enquanto todos ficam preocupados com vingança, existem seres mais interessados em salvar um santuário sagrado. Uma profecia antiga previa o nascimento de uma garota que seria a feiticeira mais poderosa de todos os tempos e que teria o poder de controlar os quatro elementos da natureza (terra, ar, fogo e água), e esses seres esperam por sua realização. E em meio a esse cenário medieval, cheio de ação e magia, a história se desenrola.

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Sobre Mulheres

O livro Arlington Park da autora canadense Rachel Cusk, e tradução de Fernanda Abreu, conta em 270 páginas a história de várias famílias, sob o ponto de vista feminino. Se você vê romantismo no casamento e na maternidade, essa história não é pra você. Quatro mulheres casadas e com filhos, moram nessa cidadezinha da Inglaterra que dá nome ao livro. Elas sempre se encontram na creche, no parquinho e ficam “amigas”. É um bairro classe média alta, então elas não precisam trabalhar, com exceção de Juliete, mulher de professor de escola pública-barra pesada. Os homens são secundários na história, apenas no último capítulo, quando todas se reunem na casa de uma delas, é que aparece um diálogo entre eles. Não tem final; é apenas um recorte daquela comunidade de mulheres cansadas de trabalhar, cuidar dos filhos, esquecer de si mesma e não ser valorizada.

Trechos do Livro: “Ela só faz vender coisas em troca de lucro pessoal. É só cobiça disfarçada de utilidade.” “O ar recendia a flores, comida e cera de assoalho, e Juliet foi dominada por uma nova consciência… de que a vida havia sido criada para ser maravilhosa.” “Todos os homens são assassinos…Pegam uma mulher, e vão matando aos poucos.”