Que fofo!! 💝

O livro  O Príncipe e a Costureira,  de Jen Wang, é uma história em quadrinhos visualmente deslumbrante e tem uma narrativa que irá manter o leitor atento e interessado pelos personagens. A autora conta a história do príncipe Sebastian, que com a ajuda do mordomo, está muito ocupado escondendo sua vida secreta dos súditos e da família. À noite, ele se traveste de Lady Crystallia e veste vestidos ousados para tomar Paris de assalto se tornando o ícone da moda mais copiada na capital mundial da moda!

Mas sua vida ainda é em tons pastéis até conhecer a brilhante costureira Frances – que não só cria lindos e ousados vestidos,  mas torna sua vida mais colorida. Mas Frances sonha com a grandeza, e ser a arma secreta de alguém significa ser um segredo, nãoexistir, não ser ninguém. Mas ao conhecer uma grande estilista, Frances começa a se rebelar. Ela sabe que não pode proteger o príncipe/Crystallia para sempre e quando o rei descobrir, vai sobrar para ela. E ela pensa que o príncipe/menina roubou seu coração!

Esta história mágica começa convidando você para participar da festa de 16 anos do Príncipe Sebastian:

convite tpatdin

O começo da história mostra a pressão da masculinização de Sebastian e faz alusão às pressões da nobreza heteronormativa, do namoro e do casamento arranjado num baile que os pais de Sebastian estão tendo a ideia de casamento agora que Sebastian tem 16 anos. Entao não pode faltar uma nobre adolescente que quer casar com o Príncipe. A recepção dos vestidos no evento estimula o momento da trama para mostrar por quê Frances é convocada por Sebastian para se tornar sua costureira pessoal.

Impressões de leitura: A arte de Wang é  simplista, mas cheia de movimento e emoção não escrita. Dá pra notar a passagem do tempo em alguns painéis simples trabalhando em pilhas de desenhos ou vestidos. Ela também utiliza cores e paletas de cores nesta história em quadrinhos, para mostrar o humor, a vibe dos personagens. Na maior parte, a paleta de cores é bastante suave, em tons mais frios e isso dá um toque meio melancólico a muitas das molduras. Mas quando Frances começa a fazer vestidos para Sebastian, e sai pela cidade em sua “persona alternativa” de Lady Crystallia, a paleta de cores muda totalmente para cores alegres, passando um toque vibrante e confiante, mudando completamente a experiência emocional na cena. A relação de Sebastian com os pais, o rei e a rainha, também dizem muito sobre responsabilidades e o quanto ele tinha medo de fracassar com as expectativas – não apenas pelo amor aos vestidos, mas também com todo o peso da coroa. Frances, por outro lado, teve destaque na questão artística e independente. Enquanto Sebastian luta com as mentiras e segredos e as consequências de ter a verdade sobre ele entregue ao mundo, Frances precisa lidar com o quanto esses segredos afetam seus sonhos.


			

Faculdade ou país das fadas?

O livro A Nona Casa da autora americana Lee Bardugo conta a história de Alex Stern que é uma vigarista e uma sobrevivente de um homicídio múltiplo horrível e não resolvido, membro mais improvável da turma de calouros de Yale. Criada no interior de Los Angeles por uma mãe hippie, Alex abandonou a escola cedo e entrou em um mundo de namorados traficantes de drogas obscuros, empregos sem saída, envolvimento com o submundo. Aos vinte anos, praticamente jogou sua vida fora. Mas em sua cama de hospital, Alex recebe uma segunda chance: estudar infiltrada em uma das universidades mais elitistas do mundo. Mesmo sem saber fingir que entende todos os trabalhos escolares, ela sabe como jogar o jogo social para enganar seus colegas e fazê-los pensar que ela pertence a esse mundo. Alex circula pela assombrada e mágica Yale, uma universidade tão envolvente e fácil de se perder. O que faz a metáfora funcionar tão bem neste livro é como o cenário real de Yale é transformado em um lugar fantástico, igualmente convidativo e ameaçador. Alex chega a New Haven encarregada por seus misteriosos benfeitores de monitorar as atividades das sociedades secretas de Yale, que são oito “túmulos” sem janelas são conhecidos por serem os refúgios dos futuros ricos e poderosos, desde políticos de alto escalão, jovens afortunados da Bolsa e as maiores celebridades. Mas suas atividades ocultas revelam-se mais sinistras e extraordinárias do que qualquer imaginação paranóica possa acreditar. Este livro é sobre um mistério de assassinato e quando se elimina todos os fantasmas estranhos, horror e drogas excessivas, que de uma forma estranha foram adequadas para esta história e para o novo e moderno público de leitores adultos de hoje.

Impressões de leitura: Bardugo faz de Yale uma espécie de floresta encantada neste livro, li que ela se inspirou em  Tam Lin de Pamela Dean , em que o país das fadas era uma pequena faculdade de artes liberais. Eu gostei muita da sua escrita e na construção do mundo a partir dos livros dos Grishas, mas honestamente foi uma luta aceitar essa história. Só  vejo pessoas achando Alex forte, visceral, lutando com uma vontade férrea… eu não vejo isso. Vejo uma adulta que não quer crescer, que segue em frente no automático e vai dando certo. É legal ver como o cérebro de Alex funciona para resolver problemas, examinar evidências e tentar reunir possíveis suspeitos enquanto tenta entender quem e o que ela é, mas não gosto de personagens com problemas de abuso de substâncias, porque parece que ela precisa disso para ser melhor.

Não me Convenceu =/

O livro Quarta Asa da autora americana Rebecca Yarros é uma romantasia, nova divisão de gênero, que conta a história de Violet Sorrengail, uma jovem introvertida e aficionada por livros, que precisa se tornar uma guerreira no Basgiath War College, onde o único objetivo é se relacionar com um dragão ou morrer tentando. Ela não quer isso, mas assim como sua mãe, uma general importantíssima, assim como sua irmã, Mira, uma cavaleira de prestígio, assim como seu irmão, Brennan, que também possuía grande renome, mas morreu por conta de uma guerra civil e uma traição, ela é obrigada a se alistar, e como filha de um general comandante, ela tem um alvo imediato nas costas. Tudo isso porque esse mundo vive em constante guerra, uma guerra que é alimentada por séculos e a causa dela ainda é bastante nebulosa. Navarre possui várias províncias e vive em guerra constante. Seus dragões são a principal linha de defesa contra os grifos e seus cavaleiros, além das égides, barreiras mágicas guardadas pelos cavaleiros e suas montarias. E tem os dragões, caprichosos como são, não escolhem qualquer um para ser seu cavaleiro e que quando eles são unidos, é um elo muito forte, vital e que se comunicam por telepatia sensorial. Ao contrário da maioria, Violet não teve muito tempo para se preparar para entrar para o Quadrante dos Cavaleiros, ela não tem o porte físico, nem a força, mas ela pode compensar em inteligência e audácia. O que ela não esperava era se deparar logo no primeiro teste com Xaden Riorson, o filho do principal inimigo de sua família, responsável pela morte de Brennan. 

Ela passa todas as páginas em ritmo acelerado forjando amizades, enfrentando inimigos e flertando com um companheiro, que já é  um cavaleiro de dragão, que ela acha muito gostoso, e que, como inimigos, quer matá-la para se vingar de sua mãe. Apesar de ser o tempo todo subestimada, agredida e ameaçada, ela não se rende, nem sente pena de si mesmo. Ela não segura as lágrimas, mas sequer percebe que faz isso: simplesmente porque esses obstáculo não a desanimam, mas sim a deixam mais empenhada, e a personagem nem mesmo percebe que as adversidades estão desenvolvendo sua jornada. Ela se desafia, usando seu intelecto – ela pretendia ingressar na faculdade de Escribas até que sua mãe a forçou no último minuto a se tornar uma Cavaleiro – para passar de um dos cadetes mais fracos a um dos cadetes mais fracos fortes. O seu par, Xaden Riorson é descrito como “moreno sarcástico e de passado sombrio”: bonito, forte, cheio de segredos. Como seu orientador, ele sempre incentiva Violet a lutar suas próprias batalhas, mas está pronto para intervir caso ela precise de ajuda (o que raramente é o caso). Claramente é aquele personagem convencional que recebe todos os poderes mais fortes para aumentar seu sex appeal, porém ele também tem traços de vulnerabilidade e até imaturidade para contrabalancear seu poder, o que também aumentam sua atratividade, tirando seu lado macho daquela marca “hétero top”.

Impressões de leitura: A escolha do dragão me lembra Avatar, ser cavaleiros de dragão me lembra o Priorado,  e lutar no tatame me lembra poppy War. O cenário é limitado aos limites da faculdade, então não há muita construção de mundo, e a tensão da história permaneceu alta por causa da ameaça constante de lesões corporais e morte certa que pairava sobre os personagens. Eu gostei da idéia de se passar em uma “faculdade de guerra para cavaleiros de dragões”, me lembrando um pouco dos livros que eu costumava ler, mas não me cativou, porque algumas descrições do dragão são muito humanas e eu achava que era um personagem gente, aí voltava e lembrava que era um bicho.  O tema do romance está densamente entrelaçado ao longo do livro, com uma série de enredos muito convenientes que ligam Violet ao principal interesse amoroso, Xaden. É revelado que o par está ligado a dragões acasalados, que sofrem se ficarem separados por muito tempo. Devido a esta conexão, os dois cavaleiros podem se comunicar telepaticamente e dependerão um do outro pelo resto de suas vidas.

Entrar na cabeça da Violet, me faz revirar os olhos 🙄  fornecendo comentários como uma descrição de Xaden como “Flaming hot. Escaldante. Nível de calor que coloca você em problemas e gosta disso ”, o que certamente pinta um quadro, embora não muito criativo e muito “masculino”. Algumas das conveniências do enredo também parecem um pouco convenientes demais, e a estrutura do enredo cai na armadilha comum da fantasia do personagem principal ser o “escolhido”. Violet se liga ao dragão mais poderoso, tem o cabelo prateado mais legal e pode ser um dos cavaleiros de dragão mais poderosos de todos os tempos.  A academia é um lugar com grande mortalidade de alunos, o que nos faz pensar porque diabos o reino mantém um lugar como aquele. É uma história extremamente simples, então não tenha tantas expectativas. 

Só amarrando as pontas.

O livro Sirensong da autora Jenna Black é o último da trilogia e finaliza a história de Dana, uma Faeriewalker. Ela é “convidada” para ser oficialmente apresentada na Corte Seelie, onde a Rainha Seelie, a quer morta e o desagradável Príncipe Henry da Corte Seelie veio a Avalon, a cidade presa entre o reino humano e o Reino das Fadas, para convidar a meio-humana Dana para ser formalmente apresentada na Corte. Dana e seu pai têm certeza de que há um jogo mais profundo escondido no convite, já que ambas as rainhas Fae querem Dana morta por causa de seus perigosos poderes de Faeriewalker. Claro que a rainha Titânia afirma não ser a responsável pelas ameaças de morte e seu filho, o príncipe Henry, torna a decisão muito mais difícil quando sugere que Dana pode ser presa por (supostamente) conspirar com sua tia Grace para usurpar o trono Seelie. Dana escolhe seus amigos para irem juntos com ela, mas seu namorado, Ethan, e o filho de seu guarda-costas, Keane, simplesmente não conseguem se dar bem, e a paixão de Kimber por Keane não está tornando a coisa toda mais fácil. Quando um ataque violento separa Dana de sua caravana, o sexy Erlking a salva bem na hora certa e deixa claro que não desistiu de torná-la sua. Chegar ao belo palácio de Titânia deveria ser um alívio, mas Dana logo é implicada em uma tentativa de assassinato contra a neta de Titânia e de repente se torna uma fugitiva, forçada a deixar seu pai para trás enquanto ela e seus amigos fogem para salvar suas vidas. Ela terá que provar sua inocência antes que as forças da Corte Seelie os encontrem. A jornada da moderna Avalon até a Corte Seelie está repleta aventuras, desde ataques de monstros até oportunidades de auto-sacrifício heróico. Dana finalmente exerce seus poderes mágicos e sua inteligência para ajudar a si mesma e a seus amigos.

Impressões de leitura: Dana finalmente conhece um menino Fae que não quer dormir com ela!  E, claro, há muitas oportunidades para bater no peito entre seus vários pretendentes. O estilo narrativo juvenil de Dana está desconcertantemente em desacordo com o teor sexual de suas descrições dos garotos. Nem as interações sombrias, mas esperançosas, de Dana com sua mãe alcoólatra torna essa fantasia urbana  verossímil para a cultura do Brasil.  Finalmente o triângulo amoroso chega ao fim, principalmente quando ninguém quer estar ali. Pra dar uma surpresa na história, a autora escolhe o menos provável dos meninos pra ficar com Dana. O papel do Erkling realmente fica confuso em Sirensong, já que ele deveria ser o vilão, e mesmo com suas ações ainda bastante egoístas, ele faz coisas que fazem você se perguntar que talvez ele seja um cara decente. Acho muito masculino isso de Dana pensar muito em sexo, muito. Dana está para ser morta: “imagina o peso dele em cima de mim!” Dana está com a faca no pescoço: “nossa que tórax perfeito!” Há abuso elitista/familiar neste livro,sem necessidade.  Dana apesar de humana e conhecendo o poder dos seres mágicos, passa todo o tempo tentando salvar todo mundo, só não consegue salvar sua mãe, que não quer ser salva. Dana tem muitos problemas em confiar nas pessoas – o que é totalmente compreensível – mas também vejo ela “entregando” a garotinha nas mãos dos malvados! Eu só daria 5 estrelas se ela ficasse com o vilão no final 🤭

Nostalgia dos Anos 70

O livro Daisy Jones and the Six da autora americana Taylor J Reid, conta uma história escrita em formato de entrevista, onde membros de uma icônica banda de rock ‘n’ roll dos anos 70, Daisy Jones & The Six, detalham suas percepções individuais do que os levaram a se tornar uma banda de sucesso e como seus relacionamentos entre os integrantes influenciaram no seu término.

Daisy é uma garota que atinge a maioridade em Los Angeles no final dos anos 60, entrando furtivamente em clubes na Sunset Strip, dormindo com estrelas do rock e sonhando em cantar no Whiskey a Go-Go, clube moderninho. Ela acha sexo e as drogas tão emocionantes, evidenciando a liberdade, mas é o rock and roll que ela mais ama. Quando ela tem vinte anos, sua voz já está sendo notada e ela tem o tipo de beleza que chama atenção. Uma nova banda que está sendo notada é The Six, liderada pelo taciturno Billy Dunne, vocalista ex-viciado e em recuperação e aspirante a homem de família, já que durante a primeira turnê, sua namorada Camila descobre que está grávida e, com a pressão da paternidade e da fama iminentes, Billy enlouquece na estrada, tendo dúvidas entre ser bom e mau. Daisy e Billy se cruzam quando um produtor percebe que a chave para o sucesso é unir os dois. Quando Daisy se junta à banda, o grupo é catapultado para a fama, mas não sem custos. Ela se recusa a simplesmente entrar na linha e deixar Billy tomar as decisões artísticas. Ao fazer isso, ela não apenas enfurece o líder da banda, mas também dá um exemplo para outros membros que ficam muito felizes em começar a expressar suas próprias demandas.

A formação dessa lenda é narrada neste romance fascinante, escrito como uma história oral de uma das maiores bandas dos anos setenta.

Impressões de leitura: Me deu vontade de juntar todos os mesmos pov em um capítulo só. O formato do livro sendo entrevistas, as lembranças estabelecem as versões mais antigas desses personagens e de seus companheiros de banda como pessoas com esqueletos em seus armários, como cada um tinha uma “pior versão” e funciona muito bem para contar uma história através dos olhos de quem esteve envolvido com Daisy Jones & The Six, seja como membro da banda, jornalista, roadie ou engenheiro de som. O problema é que, quando existem tantas pessoas diferentes contando a mesma história, o leitor tem uma imagem mais abrangente do que aconteceu, mas também várias versões da verdade de cada um. Seria um narrador não confiável, só que com várias vozes.

A dinâmica entre os membros da banda é romantizada, parecendo incrível, como deve achar todos os fãs de banda. Acho os personagens um pouco estereotipados como, o vocalista talentoso que se acha, o guitarrista esquecido e ciumento do outro fazer mais sucesso, a linda intérprete viciada em drogas, o batera e a tecladista deixados de lado, e o leitor já sabendo que esta banda está condenada, que tudo vai desmoronar dolorosamente, ou terá um plot twist e depois de uma morte, a banda vai mudar e se reerguer. Há uma tentativa de “enemies to lovers” mas não convenceu.

O texto tem aquela vibração glamorosa dos anos 70, onde o espírito do sexo, das drogas e do rock ‘n’ roll mistura com a era “good vibes” dos hippies.

Já saiu a série baseada no livro, que usa a tempestuosa dinâmica criativa e pessoal da banda Fleetwood Mac para contar a história de uma banda fictícia anos 70 que se esgotou em vez de desaparecer. A série tem um elenco lindo de jovens talentos, excelentes detalhes de época e uma fonte ricamente pesquisada. Mas achei “Quase Famosos” mais divertido.